osrevinUniverso

Céu branco, nuvens gordas. Cinco e meia, o horário que os postes estão acesos e ainda não é noite, bate o portão de casa e sai mesmo sabendo que pode chover a qualquer instante. O tênis da oitava serie tem um buraco no dedão e faz calo no calcanhar mas ainda cabe, a barra da calça arrastava no chão, mochila cruzada e o casaco pendurado na alça. O vento ajudava a franja mal cortada a atrapalhar na hora de atravessar a rua, o relógio trincado dá as horas mais devagar, uma gota, duas, dez. Fez uma trança e socou a mão no bolso.

Pra onde vai assim sem pressa?

Os carros aceleram pra não pegar sinal vermelho, pessoas sacodem os braços para o onibus parar exatamente onde elas estão, pedestres correm para lojas e usam papéis para não molhar os cabelos. Segue assim sem pressa, pára pra bicicleta passar, a poça respinga na calça, nada que tire o meio sorriso. Na rua grande, um minuto de semáforo fechado, os carros parados em filas mal feitas, motoristas vivendo de café, indo pra casa tomar café, pessoas espremidas debaixo de um toldos finos, de braços cruzados só mexem os olhos. Tudo parado, só aqueles passos lentos e as gotas finas da chuva, seguindo, ritmo isolado por dois fones, sem tirar mão do bolso, sem pressa.

O mundo mergulhado num mar de possiblidades, o mais óbvio seria acontecer algo que não foi feito, mas não. Destinos certos, ruas tortas. Ao chegar num lugar qualquer, ouve o barulho do mar e o vento assoviando lerdo, se senta no banco molhado e tira do bolso; uma noz, contempla e sorri. Não importa o que aconteça la fora, seu mundo, meu compasso, eu controlo, eu que faço.

"Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar o rei do espaço infinito..."

Comentários

digopop disse…
ei rai!
gostei muito dessa historinha
ate o titulo muito criativo rs


bjs
Péolla disse…
Eu li e te vi nesse conto.

:)

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