o(a/s) que(m) sou eu.

quem, não vem ao caso, convém o que sou, o acaso.

sou o silêncio que acorda, sou o estardalhaço do chorar.
sou a mudez da brisa pairando leve, sou a história que o vento conta assoviando e desenhando com sombras no chão.
sou a quebra da onda na beira, mas só o ato, onda eu não sou.
sou o calafrio do cheiro que resgata reminiscências ou a imparcialidade de quem nunca esteve ali. sou a loucura de passarinhos unidos se rasgando de cantar, e também sou vôo rasgante do só, que só ouve os ouvidos miúdos.
sou as flores caídas do choro da laranjeira, ou a flor grávida de um beijo de amor.
sou o incômodo do sol de muito cedo e a devoção com a qual ele se deita na noite.
sou o tempo que ao mesmo tempo que é fiel aos ponteiros é pirraça sendo lesto ou lânguido.
sou a dúvida de letras emboladas, sou a coesão.
sou o diáfano, o opaco. dúbio, ambíguo, prolixo, híbrido, só a simplicidade explica a complexidade do meu ser.
sou inércia e iminência.
sou o destino, sou o acaso, sou coinscidência e o propósito, sou a tradição e o oposto avesso do inverso, ao contrário e de cabeça pra baixo indo na contra-mão.
sou aquilo de que você sente saudade e aquilo que você nunca ansiou ter.

Comentários

Letícia Andrade disse…
dúbia, ambígua e prolixa que sou: bonitas palavras, para começar, flor.
Anônimo disse…
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