O gabarito e meu amigo, o fio de cabelo.

Primeira prova do ano e a minha dor de cabeça matina veio me perturbar. Pela prova estar marcada às oito e ter dormido até seis e meia, eu tinha esperança de que ela não ia me fazer compania hoje. Errado.

Como se não bastasse uma das lentes do meu óculos me fazer o favor de pular e sumir, no meio de tantos pés e passos, eu me deparo com sessenta questões e uma redação pra fazer. Tá, tudo bem. Estralo os dedos, prendo o cabelo, uma fungada a fim de muito oxigênio e vamos lá. Dez, quinze, vinte. Descofiei desses minutos que insistem em passar sem que eu percebesse. Certo.

A maoiria da prova passada a lápis; as falsas riscadas, as duvidosas circuladas, e nas quetões mortas, um "ok" pra não ter que ler de novo. Trinta, quarenta, cinquenta. Eu até pensei que ia demorar pra começar a era de ler e ao mesmo tempo pensar em outra coisa. Errado.

Mudo de posição, giro o tronco até ouvir um "crack" da minha coluna falando, vou ler de novo e lá vai. Uma vez meus olhos lendo e a porra da minha cabeça não acompanha, por estar em outro lugar. Outra vez eu lendo e o pensamento voa em outro lugar. Certo.

Eis que aparece ele; invadindo meu mundo debaixo do ar-condicionado, - onde a rainha é minha consciência e o primeiro ministro minha caneta preta - : o fio de cabelo. Mais um pra me destrair. Errado.

Engraçado, teimoso, e sei lá mais o qu, o fio nem parecia que era meu. Tava escuro e pequeno, só depois eu lembrei que meu cabelo é pintado e ele cresce castanho natural, e que pequeno daquele jeito, ele era parte de minha franja. Certo.

Mesmo com relógio eu não tive idéia de quanto tempo eu passei bricando, empurrando o cabelo pra formar um círculo, - do tamanho do dedo indicador junto do dedão - e ele nunca ficava no lugar. Eu parecia uma retardada que ia perder o tempo da prova com algo insignificante. Errado.

Enfim ele ficou redondinho e quieto, a borracha ajudou a prender as pontas pra ele não se mover, afinal, aquilo tinha dado trabalho. Foi quando eu vi que a pressão lateral que provocava minha dor de cabeça tinha sumido e a prova tava olhando pra mim, mais clara, mais fácil, menos malandra. Certo.

Se não fosse o meu mais novo amigo, pra me destrair nas horas que eu mais precisei, eu não sei o que seria de mim. Que exagero, eu sei. Mas agora sei também que no lugar de forçar e ler uma coisa três mil duzentos e dezesste vezes pra entender, gasta menos tempo do que se destrair pra esparecer um pouco. Muito melhor.

:)

Comentários

andré henrique disse…
Ela sempre tão gentil publicando em meu blog! ^^


uhhhhh

queria ter visto a cena de vc brincando com o fio do cabelo

euheuheuhueuheuheuhe

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