Minudências

Banho demorado, depois de ver o relógio correu pra se vestir. Não se importou com a roupa um pouco amassada, felicidade demais pra que algo pequeno atrapalhasse o dia, afinal; domingo, ele e um convite. Colega de faculdade, tinha carro, bonito e porque não. Todo o resto do perfume preferido e buzinas pra descer quase saltitando, o porteiro que ria dela não ter namorado e ele ter dois até achou estranho.

"Onde você quer almoçar?". Já imaginou um restaurante à beira mar, lindo. "Não sei, escolhe você". Iguatemi. Andaram de braços dados até um restaurante reservado, o coração dela palpitando. Prato do dia: Frango grelhado. "Não gosto de frango, o jeito vai ser praça de alimentação". E nem no terceiro piso foi, comida mineira, expectativas menos intensas, ele pôs o prato saiu a procurar lugar vazio naquele mar de gente, duas cadeiras próximas, antes fosse na mesma mesa.

A sorte foi ter dinheiro em fim de mês, pegou o celular tocando - por sinal, aquele número que insistia em falar com Sandra a mais de uma semana - deixou o aparelho na bandeja, pagou e saiu. Dois guris correndo quase a derrubaram, mesmo conseguido segurar a lata de refrigerante o celular foi e antes de abaixar pra pegar, um terceiro veio correndo e com um chute foi parar debaixo da bancada de flores, logo tulipas. Alergia de infância.

O nariz vermelho sem parar de espirrar, inclusive quando o garfo estava a caminho, ela não comeu direito. No carro, sem conversa nem comentários, só o barulho de tentativas dele de tirar pedaço de carne preso. Celular, dessa vez não era o dela e nem egano. "Hun, sério? Tá de quanto? hahaha, segura eu to indo". Já pensou em não puxar assunto no portão só por sinal de desgosto, até que muito antes ele dobra num ponto de ônibus. "Você volta daqui? Eu não queria me atrasar".

Infelizmente ela caiu na besteira de falar em voz alta que não tinha como ficar pior e pimba, gotas começam a cair do céu só de pirraça. Esqueceu da razão do convite só chegou em uma conclusão; se menos pressa mais perfeição.