Cara Estranho x Cara Valente


Sente-se. Não vale a pena escutar essa história de pé.

Eles eram relativamente parecidos, até tinham o mesmo nome e seus sobrenomes eram significativos. Não sei dizer se chegaram a se conhecer direito, talvez se encontraram por algum tempo, mas posso dizer que eles ficaram perpetuamente separados por uma questão não só de espaço, como também por uma questão temporal. É um caso um pouco estranho, e diria valente, se fosse irônica, então eu digo “valente”.

O Cara Estranho não era desajeitado. Tropeçava sim, isso até o incomodava, olhava pros lados e as risadas por de trás das mãos de desocupados, o fazia sempre pensar em ser o cara da Tv, vencer brigas sem suar, e ser aplaudido sem querer. Ele chegava a ser engraçado; um dia julgou ser uma cruz ter a imagem de rapaz de bem talhada com tanto cuidado, coitado, mal sabe a força que ele tem.

O Cara Valente também tinha sua imagem de rapaz só que com pinta de vilão, ou não, era só um cartaz, me diz quem ainda cai nessa. A gente sabe que esse é um jeito de viver num mundo de mágoas, mas ele insiste em dizer que é feliz, coitado, não sabe da fraqueza que lhe provém do jogo: dizer ao mundo todo, “eu sou valente”.

O Cara Estranho tem medo de não se encontrar, chega a se perder no próprio corpo que Deus lhe deu, e se perde, sempre a pedir aprovação, afinal ele não sabe aonde ir se alguém não apontasse a direção - mas a direção não deve ser apontada. Foi então que ele se cruzou com o Cara Valente; no ponto de partida.

A diferença foi que o Valente seguiu, o rumo do mal-me-quer, e hoje não pode mais dobrar, pode apenas se acostumar a viver sozinho. O Estranho não, simplesmente, encolheu o peito como solução de quem não quer perder aquilo que já tem e fecha a mão pro que há de vir, não deixou de exibir à frente um coração que não divide com ninguém. Não caiu no jogo. O Valente, que não é de nada, escolheu incertezas de caminho em vez de amor, e hoje já não pode se entregar, e abre a mão. Teve de pagar com o coração: “Eu não tenho troco, aceita um fígado?”




Baseado nas músicas Cara estranho e Cara valente, ambas compostas por Marcelo Camelo, esta na voz de Maria Rita e aquela na voz do seu grupo Los Hermanos.

Comentários

Anônimo disse…
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