Preciso escrever mais.

O tempo passa, as coisas vêem e vão. Tenho a impressão de que vão muito mais que vêem. Acho que isso se dá por conta do fato de que o futuro é tão incerto e nunca saberemos o que realmente estamos prestes a ganhar. Sabemos mais do que se passou, e sendo parte do passado teve/tem sua participação na realidade. Agora sinto necessidade de estar pronta pra uma pergunta incisiva daqueles par de olhos verdes feita a cada final de frase pontuada; mas me diga o que é realidade? Algumas perguntas são feitas para serem respondidas ao longo de muito esforço, outras simplesmente existem para serem perguntadas, assim, por todos, sem pudor nem contexto correto. Hoje me veio a proposta de se treinar minha fluência num assunto que se pensa profundamente. Não sei o quanto isso estava projetado para funcionar, digo quanto em intesidade, mas meu cérebro parece não se conter com coisa pouca. Tudo bem. Relacionar idade e dinheiro com felicidade, sem considerar que felicidade seria sim um mero estado momentâneo. Bom, eu tentaria explicar por uma relação entre: oportunidades, poder e satisfação. Assim mesmo, nessa ordem. Enquanto não se houver tempo para se fazer o que quer, não se aproveita as oportunidade que sim, sempre vão existir, mesmo que de modo não muito visível pra olhos cansados de trabalho ou estudo. Quando não se tem poder, poder eu digo no tom de autonomia, liberdade, possibilidade de escolha e decisão, é quando não podemos simplesmente decidir e fazer o que realmente queremos fazer. Até que ponto vão existir fatores de interferência que nos segure, que simplesmente nos impeçam de sentir a tal satisfação da realização, para que enfim possamos consumar com sinapses feitas a base de endorfinas a tão esperada sensação de felicidade. Quem explica onde termina a linha da fronteira entre o bem que nos traz a rotina automática e o vicío mortal ao qual ela nos determina. Desde que eu o vi não consigo esquecer o trecho do filme me dizendo que "nós vivemos num mar possibilidades e mesmo assim temos a tendência de sempre fazer o que já foi feito", e como diria Manoel de Barros: repetir, repetir até ficar diferente. Mas o que eu não entendo é como pode ser tão estranho alguém ter vontade de fazer o que vem de suas idéias virgens, de sua insanidade mais profunda, do seu mais genuíno desejo. A liberdade, meu bem, é uma falácia, não existe. Ela é uma mentira dos revolucionários , mas não uma mentira que eles contam para que se engane alguém, sendo essa função das outras mentiras usuais, não. Nessa mentira se acredita de verdade. Uma mentira que se acredita mesmo sabendo não ser verdade, é a força que nos tira da inércia, é o motivo que faz querer ir dormir com vontade de acordar. Por enquanto eu ainda me pergunto coisas que não sei responder, tenho dúvidas que não sei tirar, tenho dificuldades em usar a balança do equilíbrio que eu mesma construi com o que me restou de sensatez depois da universidade. Não imaginam como estou diferente, algumas vezes até sinto falta de mim mesma. Me refiro ao meu jeito usando verbos no passado e isso realmente me incomoda. Todos passam por uma fase assim, alguns demoram mais de atingir, outros não, algums demoram mais de sair e outros não. Estou nessa fase ainda assim no gerúndio, sem saber quando ela vai passar, sem saber se quero que ela passe de uma vez. Seria mais fácil trabalhar na base da certeza, com números e cálculos. Mas nem assim, nem engenheiros e arquitetos conseguem se desviar as imperfeições e interferências nos múltiplos fatores que ditam que o mundo é mundo. Não existe o cem porcento, qualquer, mas eu digo com toda a segurança do mundo, qualquer informação é passível de dúvida, o ideal não existe, as probabilidades existem e podem acontecer, ou não. Mas é esse "ou não" que mata. Mata, consome mesmo, enlouquece qualquer um, e assim as pessoas vão vivendo, sempre sem saber. Mas eu sei que se um dia alguém me desse o poder de ver o futuro, saber o que virá sem poder mudá-lo, ah, eu não vou querer saber mesmo. Uma música de Cof Damu diz que 'a vida é bem melhor quando já se sabe o fim'. Pode até ser, pode mesmo, quando se sabe, se diminue os esforços, ou ficamos traquilos por algo que vai dar certo ou ficamos decepcionados por algo que não vai prestar. Mas se quem se gaba relaxa e quem teme corre atrás, tudo muda, e como muda, e é essa a graça da vida. Mas eu não queria saber qual seria o fim, não faria mais sentido acordar. Não, não quero mesmo. Não quero não, e como toda fã de ironia e eu termino o texto dizendo ainda que não quero, com muita convicção, mesmo sabendo que o que mais me aperta hoje em dia é não saber o que será da minha vida. Faço hoje sem saber o amanhã; o que eu estou fazendo é o melhor que posso fazer pra mim daqui pra frente? Se alguém souber a resposta me avise. Céus, pensar demais atrapalha. Algúem, por favor, me aliena logo, estou achando que ser da massa movida pela corrente surda deve ser bem mais confortável.


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