O mundo todo reside dentro, em mim.

Eu acordei cedo. Eram sete e ciquenta. Mas, como eu estava sonhando, voltei a dormir para tentar terminar o sonho. Descrevê-lo não cabe aqui. Um dia anoto todos num sequência e leio na livraria Freud traduzido, antes disso não tenho segurança de dizer nada. Eles são complicados, gastaria tempo, não gosto de resumos.
Enfim. O caso foi que levantei onze da madrugada de um domingo pós-natal, de férias, no interior, em pleno verão. Não tomei café, até porque, em pouco tempo sairia o almoço. Fui me alongar no quintal. Coisa boa. Quem mora em prédio, numa cidade grande, quando tem a oportunidade de ficar numa sombra de árvore, com um sol generoso, e ainda alguns passarinhos para dar clima de musical, não pensa em outra. Música. Mais que isso, uma anestesia de sinestesia.
Fiz questão de ficar descalça, sentir poeira e ainda deixar o sujo formar uma antítese com a francezinha pintada no meu pé. Então, a origem no título. Vanessa da Mata, "Onde ir". Escolhi um álbum antigo, nostálgico, lindo. Fui espreguiçando cada fibra de meus todos músculos e quando vi já estava dançando. Coisa boa. Aquela poeira deixou meu pé com o atrito no ponto dos pas de chat, pas de bourrée, piruetas e outras posições de yoga, simples, é claro, e iventadas na hora.
Quando o álbum revolveu tocar case comigo, vi em cima do muro, deitado no meio dos galhos do pé de seriguela, uma gato manchado. Como não sabia de se era macho, resolvi chamar de gata pintada, e isso trouxe um ar de ciranda. Aquele olhinhos amarelos lindos e perdidos nas folhas, me olhavam quietos e eu não conseguia lê-los. Felinos são tão sérios. Não a seriedade da preocupação, pois levam a vida ao léu, esparando que a gente almoce ou não. Mas são sérios no semblante. Deitada, traquila, parecia de férias como eu. De férias e tão séria. Mas eu não liguei, agora eu tinha platéia e, querendo ou não, ela estava prestando atenção.
Pronto. Avistei algumas seriguelas maduras. Uma vasilha com água da pia pra lavar e pronto. Estava tudo pronto. O som, a sombra, o gato, a dança e as seriguelas maduras.
Os ingedrientes de um bom começo. Simples e suficiente.




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