Mudar ou não, eis a questão.

Hoje uma tia me mandou uma mensagem "o amanhecer é a prova de que sempre haverá uma segunda chance". Chiclê, né. Pois é.

Dizem que intercâmbio é a maior chance de mudança e é mesmo. Mas não é uma opção exclusiva. Tem como mudar "sem sair do lugar porque a mudança vem toda de dentro". Ou clichê, eu sei.

Essa foto de Aberdeen eu tirei quando estava saindo da minha última prova. Pra quem pensou que agora eu estou livre pra relaxar, eu digo: eu mal comecei.


Esse corredor da foto é estreito assim porque essas construções são velhas. De muito antes do Brasil existir. Aqui na Escócia é tão frio que as construções tinham ter que a parede muito grossa e ser muito juntas umas da outras. No fundo, está The Sir Duncan Rice Library, uma biblioteca tão maravilhosa que está em 25° lugar dessa lista.

Depois de ver essa foto eu lembrei de Berlin, Paris, Londres, cidades maravilhosas que igualmente mantém construções históricas, tradições milenares mas são modernas! Como pode isso? Velho e novo ao mesmo tempo?

Do mesmo jeito que pra conjugar um verbo regular você mantém o radical e muda o tema de acordo com a pessoa e o tempo. Do mesmo jeito que para fazer um bolo você precisa de farinha e ovos mas pode mudar o sabor e a cobertura. Do mesmo jeito que as células se dividem e morrem o tempo todo mas o tecido orgânico continua o mesmo.

Do mesmo jeito que você pode ser a mesma pessoa de sempre, em essência, mas sim mudar algumas coisas. E a mudança é uma forma de adaptação. Pode ser adaptação aguda e situacional (como mudar o jeito de falar e vocabulário a depender de com quem você fala) mas também pode ser uma mudança difícil e arrastada como tirar/criar hábitos. E que eu, como futura médica e aspirante a psiquiatra sempre fui muito curiosa sobre esse processo.Um processo penoso, eu sei, mas necessário.

Digo penoso com propriedade porque também tive que mudar e mudei. Já disse "eu mudei" algumas antes inclusive, e percebi que esse processo penoso e necessário é também contínuo. Mas mudei e ao mesmo tempo continuo a mesma. Ainda gosto de dançar, ainda cato coisas da rua que eu acho que ainda servem pra alguma coisa, mesmo que eu não saiba ainda pra que exatamente (é isso mesmo, alguns chamam de catar sucata, eu comecei desde pequena e até faço até hoje). Algumas coisas vão mudar, outras ficam. O que determina é o quanto isso faz bem ou mal a você e quanto faz bem ou mal para os outros.

Mudar e continuar o mesmo. Parece estranho, mas é a vida. Tão irônico quanto achar que pra mudar tem que fazer intercâmbio, sem perceber que, "fazer intercâmbio" é, nada mais que, fazer uma viagem para fora quando na verdade a maior viagem é pra dentro de si.

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