Esse dia é mais que um dia.

Me disseram; 'se você ama uma pessoa de verdade, estimule os sonhos dela'. Em seguida explicaram que cada qual tem uma maneira de motivar-se; 'para alguns como Romário dizia; quanto mais barulho eles fazem, mais calados vão ficar, para outros, se você gritar piora. Cuidado pra não ferir mesmo na intenção de incentivar'. Sem dispensar a introdução que me arrepia, na minha cabeça tocou 'chuva de gelo' e eu cheguei a escrever num canto: acreditar num sonho bom é se dedicar àquilo que faz o bem de alguém comum estar de bem com o mundo.

Talvez ela nem saiba o quanto me ajudou, mas escrevo com devoção sinalizando meu respeito, nessa única forma que me resta de retribuir. (Parágrafo meramente introdutório)

Sentir-se diferente, assim, por dentro. Quando criança isso acontecia quando ganhava algum presente ou me dava bem na educação física, um pouco maior, aconteceu com um acidente de carro, pois bem, hoje aconteceu de novo.

Incrivelmente, de manhã, cheguei a falar 'me sinto outra outra mulher' - mesmo sem imaginar o que aconteceria - referente a uma questão de matemática que o professor respondeu pra mim. Um palestrante, vocalista do Simples rap'ortagem, ajudou me recheando de novos conceitos e idéias. Na volta pra casa, caí na besteira de divulgar de maneira frívola o adjetivo que eu mais gosto entre todos aqueles que já ouvi/li, e mereci um 'massa, vou colocar no orkut', mereci mesmo. Consegui ao menos no final da conversa dizer, 'não conte pra ninguém, é pessoal demais'.

No mesmo bendito orkut, vi um recado antes de almoçar; 'e pior ainda, você esqueceu do trabalho que eu tive ao te puxar pelo braço naquela tarde de quarta feira?'. Pensei que fosse brincadeira, mas foi descendo a ladeira que, depois de ver o remetente do recado pela segunda vez o ano todo -vi seu recado agorinha! - ele me disse que era sério e ainda completou com; 'coincidências assim não acontecem por acaso'. Não entender não é problema, é pessoal demais e o clímax do texto vem no parágrafo seguinte.

Final de ladeira, meu espanto. Não foi algo que eu vi, foi que eu não vi. Máquinas barulhentas, operários galanteadores, cheiro de asfalto e eu surda, muda, imóvel e cega. Ela não estava mais ali. Parei, andei, procurei, e nada. Era aqui, eu tinha certeza. Lembro quando eu a vi pela primeira vez; andar de cabeça baixa é não é bom sinal, mas foi assim mesmo que eu a conheci, quando estava triste e reclamando da vida, ela estava bem ali. Se compararmos condições, que rainha eu sou. Se compararmos força e coragem, não passo de uma flor.

Um buraco com menos de um centímetro de diâmetro, ao menos três dedos de profundidade, estrategicamente posicionado perto de um daqueles sinalizadores amarelos de garagem de prédio. Esperta. E hoje mesmo que ouvi todo o mecanismo da evolução das espécies; os mais adaptados sobrevivem, estava escrito nas folhas. Eu que me preocupava se com meu potencial adaptativo venceria uma seleção rigorosa, competitiva, vi que não existe caso extremo; ela nasceu no asfalto. Mas não era aqueles capins de meio-fio, nem planta rasteira de calçada, era no MEIO do asfalto mesmo. Veja quanto dinheiro com irrigação, preparação de solo, fertilizantes, quantos cuidados julgam-se imprescindíveis, e ela ali debaixo do meu nariz me dizendo, olhe pra mim, eu venci.

Alcançava a terra, duas folhas com sinal que já foram pisadas garantiam a fotossíntese, o sinalizador impedia atropelamentos e o mecanismo de armazenamento de água chegava a ser engraçado; brinquei perguntando se agora tinha piscina. Durante quase o ano todo eu passava pelo mesmo caminho e roubava tua força. 'Não existe nada que você não possa'.

Antes de ganhar uma câmera fotográfica eu disse que bateria uma foto dela, minha irmã, como sempre é testemunha. O título seria; isso que eu chamo de aprender, todos os dias, a aproveitar toda e qualquer oportunidade que a vida nos dá. Sorte é circunstância, prosperidade é coragem. Uma mera planta me serviu de óculos, é o fim da picada.

Se eu fizesse metade, só metade, das coisas que eu penso em fazer e não faço, seria uma pessoa mais feliz. E, por sinal, não bati a foto. Postura passiva, tomei um tapa quando assistia TV e ouvi alguém usando meus argumentos lamentáveis de que o tempo muda tudo e recebendo de volta: 'Tempo não muda nada, atitudes mudam tudo'. Sintam a voz passiva dos outros parágrafos: 'a questão foi respondida pra mim, novos conceitos vieram até mim'. Tenho polegar opositor e um telencéfalo altamente desenvolvido, já era hora. Me desculpe Darwin, mas as características que vão me preservar nesse meio serão adquiridas.

O teste é hoje mesmo. O mesmo filho de uma p que inventou de asfaltar uma rua de classe média em dia de semana pra ganhar voto, mantém o carro de som disposto na minha janela, na maior altura e tocando uma musica mais insuportável que microfonia. Mas isso não tira meu sono, meu sonho eu vou tocar com as mãos.

E ao meu mais humilde e eficiente estopim, meus agradecimentos. Cinco de Agosto e no teu batismo, te chamo de Esperança. Não só por ser verde, mas porque mesmo depois de passarem o asfalto por cima, eu sei, ela não morreu.

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