Terra, vida e esperança

Quando eu cheguei, depois de desseseis anos fora dea de casa, era de madrugada e parei o caminão lá longe porque era mais fácil de chegar a pé. Naquela porta partida no meio eu bati e nada de alguém responder, daí foi que eu lembrei e berrei:
-Louvado seja nosso senhor Jesus Cristo!
De lá, o véio Januário respondeu:
-Para sempre seja louvado.
-Seu januário?
-Hun?
-Vim do Rio de Janeiro e trago notícias do filho do senhô, trouxe até uma lembrança que ele mandou pra você ponhar nas mãos, oia, e quando vier traz um copo de água que eu tô morrendo de sede.

Ouvi a água quando bateu no fundo da caneca que fazia tchibum. "Tchibum". Depois o véio veio arrastando a chinela pelo corredor, fui na janela do meio e quando ele abriu, eu tava com a cara bem em cima. Senti até um ventinho que trazia aquele cheiro conhecido, cheiro da casa da gente, cheiro antigo. Ele olhou pra mim e eu olhei pra ele:
-E quem é você?
-Sou Luís Gonzaga, seu filho.
-Ôxe... e isso é hora de chegar seu corno?

Fui entrando, a casa cheia, menino que só o diabo, irmão que eu não conhecia. Ninguém durmiu naquela noite.
-Toca, Luís. Toca pra gente ver.

Comentários

andré henrique disse…
Luis, respeite Januário!

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