Mil novecentos e noventa e cino.

Isso. Isso é um tema de redação.

Ele; o beija-flor.

Eu amo e me declaro ao meu amante, amigo, amor; o beija-flor.

Amo-o porque amá-lo é padecer no paraíso, é gozar do gozo mais inibriante da natureza, é dormir por rir da morte, em saber que se ela me vier antes do tarde, irei com a completude de quem amou duzentos anos. Amo-o porque a certeza plena de reciprocidade me conforta e o êxtase da felicidade que me traz nada menos é que o escudo de todo opróbrio, por ser espelho de sentimento puro, puríssimo.

Eu amo e vivo para só para amá-lo, pois sou uma flor e ele me beija. Contrariando sua agitação de 60 batimentos por segundo, se congela no ar, só pra me beijar. E eu o espero o sempre que for preciso. Nós já nos conhecíamos desde o antes do existir, antes do verbo, antes de Deus. Eu nasci pra que ele me beijasse e ele nasceu para que eu fosse beijada. Amo e me declaro para o ser que afiança a sensação mais nobre das sensações, a dignidade de estar em ressonância quando seis da tarde, o dia vira noite.

Somos governados pela mesma lei, apresentamos prespectivas complementares, nossos sonhos são mais que concretos pois enxergamos o mundo sob o mesmo ângulo. O amo por seu âmago ser intrínseco, imiscuído, incrustado em meu espérito. Eu o amo porque mil flores não o desviam, e outros tantos passarinhos não me encantam. Eu o amo porque ele me tira pra dançar, na amplitude de não sair do lugar, no silêncio de não saber cantar. De borboleta me faço flor. De pé-de-valsa me faço pro meu beija-dor.

essa seria a maior carta do mundo, não terminei

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