Super-menina de capa azul.

A novela tinha acabado. Já eram quase dez horas da noite quando Isabela teva uma idéia. Pegou uma das cadeiras de sua casa de boneca e seguiu em direção ao quarto de sua mãe.
Com seus cabelos ondulados e levemente bagunçados, a menina se ajeita para escalar os degraus de dentro do guarda-roupa. Quando alcança o que procura, um sorriso pequeno se estampa na cara óbvia de sapeca, com um batom vermelho faz um "S" na testa e sai correndo pela casa.

Ouviu alguns berros do pai quando passou na frente da televisão dançando, ela tinha esquecido: era hora daquele jornal de todo dia. Mas nem ligou, só apenas reparou na cara emburrada de sua mãe, inconformada pelo domínio do marido sob controle remoto que não a deixava ver o Fábio Júnior cantar no progama da Hebe. Ela também não contava com o irmão mais novo, ele não fazia nada, nem falava, só babava, lembrou da vizinha e em seguida lembrou de que estava com raiva da mãe dela por ter copiado o modelo do armário da cozinha de sua casa. Numa careta engraçada de criança, Isabela seguiu em frente com aquela cadeirinha na mão, foi até a varanda.

O céu tinha nuvens, a visão era de algumas estrelas refletindo no olhos pequenos, os pés descalços deram firmeza pra ela ficar em pé na cadeira de ver um pouco mais de perto, um pouco mesmo. Imaginou: "como que o céu de dia fica tão azul de noite tão escuro?", então reparou que alguma coisa faltava, o Sol. Era ele quem fazia o céu ficar azul, azul bem claro, da cor do lençol que pegou no guarda-roupa e que agora estava amarrado em seu pescoço, dizia ser aquela a sua capa, que com o "S" vermelho na testa, fazia conjunto de uma super-menina.

Podia ser que ela estava vendo demais aqueles desenhos animados e já tinha começado a ficar louca, mas não, é apenas uma sadia fantasia infantil. Olhando pro céu abriu os braços, imaginou ser o que mais queria e desejou com todas as forças de seus sonhos de menina que fosse capaz de girar o planeta e fazê-lo parar, no exato instante em que o Sol se põe na janela do seu quarto, só pra ficar o tempo que quisesse debruçada, e assistindo aquele espetáculo, ter a certeza de que ele é só pra ela.
Talvez ninguém consiga realizar aqueles desejos de criança. Mas pode ser que em alguns dias compartilhados de alegria, a deixe flutuar do mundo de imaginaçao que só ela pode fazer.

Comentários

Anônimo disse…
eu conheço essa meninaa!! =D
Anônimo disse…
ah, nem sabia ue vc tinah blog ;)
estou encantada vc escreve muito bem ^^
:*
vou aparecer sempre!

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