m p 3go

-Menina, já vai dar sete horas.

A cama quente, o dia frio. A chuva tão grossa, da janela só o branco. Funcionando lerdamente, pensava por etapas. Acorde. Hoje é sexta. Levante. Não vai dar tempo de lavar o cabelo. Essa chuva. Será que vai ter aula? A primeira é biologia. Ande.

Raiva da promessa de tomar banho frio, all star que tava precisando lavar. Se o celular não estivesse simpaticamente descarregado e o carregador não gostasse de esconde-esconde, ligaria pra uma das meninas. A rua era rio. O guarda-chuva gemia ao passar entre a parede e o poste - está dispensado o comentário sobre poça + carro com pressa.

Mesmo em sala, pisava em água, cada meia daria uns 100 mL. Enfim, aula.
-Geografia?
-Se hoje é quinta!
-Ótimo.

Quinze minutos e o aviso: a água ta entrando. Subir, esperar. Não tinha diferença entre rua e boeiro. Muitas pessoas e nada pra fazer, "gente, vamos fazer alguma coisa?". Cada qual foi até a sua mochila. Antes fosse um baralho, um violão, mas era um aparelho de bolso, em que se liga um fio com um encaixe de orelha no final. Bem interativo, pois quem tinha esquecido, ou estava sem bateria, ou simplesmente não tinha um, escolhia quem tocasse seu gosto pra dividir. Todos sentados, se olhando, balançando a cabeça e movendo a boca. Silêncio na sala, música socada na cabeça.

De repente um menino, que demorou pra desembolar o seu, apresenta um fone colado em um arco. Espanto geral; "mas que egoísmo, em", alguém sussurou.

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